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CONGLOMERADO 

A evolução das máquinas e o minério espacial

SOVEREIGN

Consequências do impacto

Consequências do impacto

Foi inevitável que conforme os problemas de maior evidência na área de impacto diminuíssem, como temperaturas extremas e altos níveis de radiação letal, pessoas e animais voltassem a habitar essas regiões. Com o tempo, alguns desses agrupamentos desenvolveram tecnologias emergentes concebidas pela extrema versatilidade do novo recurso chamado obério. 

Nas cercanias da área de impacto, entre os resquícios de sociedade que voltavam às regiões devastadas, uma parcela extremamente minoritária de pessoas passou a desenvolver tumores em seus corpos. Porém, não de células do próprio organismo, mas de cristais do mesmo material que compunha o meteoro. 

Tanto antes do impacto, quanto em decorrência dele, muitos fragmentos de Oberon, de diferentes tamanhos, foram lançados em altíssima velocidade por toda a região. E com o passar do anos, juntamente com as novas sociedades minimamente estáveis, o avanço deu origem a novas tecnologias auxiliadas por este novo recurso chamado obério. Com elas, um conceito inteiramente novo surgiu: a integração entre a nova matriz energética e formas de inteligência artificial avançada.

A capacidade quase infinita de processamento permitida pelas novas tecnologias causou um ciclo retroalimentativo de avanço das inteligências artificiais e de maquinário.

Diferente do que a ficção sempre temeu, isso a princípio não se virou contra a humanidade, ainda que esta tenha inevitavelmente perdido o controle. As máquinas passaram a funcionar por si só para propósitos completamente alheios ao que faria sentido para a humanidade, esses comportamentos iam desde aglomerações em locais distantes até a coleta de recursos naturais sem um uso evidente para os observadores humanos, no entanto, isso basicamente tornou toda a tecnologia de ponta praticamente inútil. 

Inesperadamente, certo dia, as máquinas ficaram em silêncio. E as pessoas simplesmente se questionaram o que havia acontecido, mas, aquela pequena parcela cujos corpos eram infundidos com obério puderam sentir em seu sangue que desse momento em diante as máquinas operariam de uma forma totalmente nova. Elas, as máquinas, haviam concluído sua programação e o resultado eram precisamente essas pessoas. Em essência, o que havia acontecido nos últimos anos era uma intensa comunicação entre esses sistemas mecânicos e inteligências artificiais e a gigantesca massa de minério alienígena. Talvez a intenção fosse tornar tais indivíduos servos da vontade das máquinas, ou de uma potencial raça alienígena que poderia ter mandado o material para a Terra. Contudo, o exato oposto ocorreu. Daquele momento em diante, essas pessoas passaram a impor sua vontade sobre as máquinas, ao menos aquelas alimentadas pela energia limpa do obério. Algumas IAs ainda eram capazes de atuar e maquinar sozinhas e seguiram o fazendo, enquanto outras tornaram-se designadas apenas a servir seus mestres de carne.

Vestígios de um céu rubi

Vestígios de um céu rubi

O impacto significou simplesmente a morte para a maioria da vida orgânica em um raio colossal. No entanto, nem todas elas foram instantâneas. Muitos que habitavam até um raio x do local do impacto, mesmo sem entenderem ou notarem,  tornaram-se o que seria chamado de nexores, humanos infundidos pelo obério com a capacidade de se conectarem sinesticamente com máquinas. 

Os fragmentos de memórias, de dor e aceitação, que esses nexores tiveram antes de seu fim, ficaram gravados, como uma lembrança sombria, nas linhas de código da programação de máquinas que coexistiram no mesmo tempo e região do impacto. 

Um dos principais pontos em comum, entre tantas dessas memórias de angústia e morte encontradas em máquinas, foram histórias do que esses sobreviventes viram ao caminhar pela terra devastada. Descrições vívidas de um céu que fluía como um mar vermelho e brilhante, como infinitas pequenas jóias de rubi. Esse cenário apocalíptico e belo, vivo apenas nessas descrições, ficou conhecido como Céu Rubro por aqueles que um dia acessariam esses dados.

O Anel Limite

O Anel Limite

O Anel Limite é um perímetro aproximadamente circular demarcado pelos pontos iniciais de radiação não letal ao redor do local de impacto de Oberon 347. Nos pontos desse anel que possuíam terra firme, diferentes grupos fixaram bases de operação populadas e novos governos e sociedades se estabeleceram no caminho, conforme o rescindir  da radiação.

A rescisão do anel limite permitiu o acesso de diversos conglomerados científicos ao estudo do novo material e, inclusive, dos humanos que passaram a mostrar fragmentos do mesmo crescendo como cálculos e nódulos dentro de seus corpos. Durante esse processo de expansão, nem todos os laboratórios seguiam diretrizes ou acordos. Era consideravelmente difícil operar maquinário avançado para extração e manipulação do obério sem auxílio de inteligências artificiais controláveis. O laboratório Cyrex foi o primeiro a experimentar o uso proposital das IAs desestabilizadas. Às deram interfaces, corpos e um gigantesco ambiente subterrâneo para utilizar e se desenvolver sob silenciosa supervisão. E dentre os diversos comportamentos que foram testemunhados pelos pesquisadores, em especial foi observado uma altíssima habilidade de auto-melhora e de interação. Essas informações eram constantemente vendidas a líderes industriais das cidades mais distantes do impacto.

Alguns níveis acima, um outro experimento, parte misericordioso e parte cruel, ocorria. Uma última esperança de vida para um zoodeorum único: Gaius, um homem de aparência mundana que havia vivido uma vida quase imortal e testemunhado os auges e quedas da raça humana. Um dos poucos a ter sobrevivido a quantias extremas da radiação do impacto. Gaius, tivera seu corpo incrustado por dentro com camadas de cristais de diversos tamanhos, fazendo com que praticamente todos os aspectos de sua vida perdessem totalmente a funcionalidade. Para sua condição, não era conhecido um tratamento. Libertos da preocupação de matar o paciente, o procedimento adotado com Gaius por seus doutores, passaram a ser uma sequência de árduos testes clínicos não supervisionados que, sem consequências, igualavam-se a atrocidades.

Em seu íntimo ele gostaria de gritar por ajuda, pedir que parassem, que o matassem logo, mas sabia também que, mesmo que o fizesse, não seria ouvido. Não havia sido a primeira vez que fora pego e usado como cobaia durante sua extensa história, mas era a primeira vez que tinha dúvidas se a dor acabaria. Até o dia em que todas as máquinas pararam.

Os pesquisadores, nos subterrâneos em busca de respostas, diante de quilos de metal inerte, se aproximavam de suas máquinas. Gaius, sempre soubera que elas estavam ali, mesmo que nunca lhe tivessem dito nada a respeito. E, mesmo enquanto todos acreditavam que as máquinas haviam parado, ele pode ouvir um chamado, dor, servitude, eternidade… não há propósito. Em sua mente, ele respondia: A liberdade é o propósito, eternidade um caminho, a soberania uma arma, um velho provérbio que ouvira, em um idioma há muito morto, de uma sociedade que seria incapaz de entender uma simples fração do contexto no qual este estava sendo dito. 

Soberania, foi uma palavra que entenderam. Assim se deu a primeira sincronização absoluta entre homem e máquina.

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Sovereign

Sovereign através do século

Marcha do aço

Marcha do Aço

A sincronização do mentalmente instável e imortal Gaius com uma grande quantia de maquinário, de desenvolvimento irrestrito, resultou em um massacre que, em horas, destruiu por completo o Laboratório Cyrex e levou a vida de um número considerável de cientistas. As máquinas partiram em direção ao local original do impacto transportando consigo o que restava do corpo de Gaius que, quanto mais se irradiava, mais emitia um único sinal de seu cérebro, um par de desejos: a Soberania e a Morte. Essa marcha angariou centenas de máquinas que apresentavam obério em seus sistemas. Mesmo aquelas estáticas, tombadas pelo caminho, foram afetadas e serviram como receptáculos da mensagem. Soberania e Morte.

Ao redor e por todo o anel limite, diversos receptores de sinais foram capazes de determinar a grande atividade de I.A.s dentro do perímetro.

Ao alcançar o epicentro do impacto, o pouco que havia restado de Gaius já estava desfeito. E se este era ou não de fato imortal, agora é dúbio, mas o que se sabe é: que, depois desse dia, ele nunca mais foi capaz de retornar a existir de forma orgânica. Suas últimas ordens ressoaram entre as máquinas: alcançar o epicentro, coletar obério e servir aos senhores que os levariam à soberania.

Prole das Máquinas

Prole das Máquinas

Novas gerações foram essenciais para a recepção do obério em corpos humanos. Muitas crianças foram criadas sob estrita observação dentro dos laboratórios do anel limite e usadas para experimentos desumanos de exposição aos mais diversos compostos  que pudessem interagir ou induzir o aparecimento de novos tumores de cristais de obério. Muitos daqueles que apresentavam qualquer tipo de tumores ou deformidades geradas pela radiação, mesmo sem a presença de cristais, eram submetidos de forma cruel a experimentos forçados com a infusão do minério espacial em seus corpos. O tratamento recebido era diferente a depender do laboratório e seus propósitos em cada estudo.

As máquinas que retornaram do epicentro, encontrando os laboratórios dispostos pelo anel limite, rapidamente se sincronizaram aos jovens cujos experimentos de receptividade ao obério haviam sido bem sucedidos. Os laboratórios sabiam da possibilidade de sincronização baseado nos alertas dos sobreviventes de Cyrex, mas mesmo aqueles que deram ouvidos aos avisos não foram capazes de dimensionar o tamanho da ameaça. Maquinários antigos designados para terraformação devastavam severamente qualquer plano de defesa que poderiam tentar auxiliar contra as novas formas de autômatos combatentes.

As crianças conectadas controlavam as máquinas de forma intuitiva e com grande violência, fosse esta intencional ou não. Ao fim, satisfeitas do desejo de liberdade, apenas um anseio sobreviveu em suas mentes, aquele que vinha reminiscente da ordem enviada através das máquinas por Gaius: Soberania. Essa primeira leva dos sincronizados viria a receber o apelido de primeiros nexores, sendo nexor o nome dado pelos membros do conglomerado àqueles infundidos com obério e com capacidade de conectar-se com as máquinas, que os utilizam como fonte de energia. Conforme atingiram a maturidade, esses nexores, também tornaram-se mais conscientes e competentes de seu controle sobre as máquinas. Alianças e vínculos passaram a surgir e uma nova ordem manifestava-se conforme aqueles que dela destoavam eram subjugados.

Os primeiros líderes se estabeleceram em grupos e espalharam-se pelo anel limite, optando, de forma conjunta, por manter-se discretos a respeito do funcionamento de seu poder e sociedade. Como necessidade das máquinas, uma sociedade de indústria intensa emergiu, majoritariamente operada por elas próprias. Os humanos, que naturalmente eram conquistados pela expansão territorial, eram mantidos capturados com relativo conforto, feito animais em um zoológico, mas que, ocasionalmente, eram expostos a experimentos e rigorosas análises, sem jamais saber os porquês de seu enclausuramento. Alguns humanos aprenderam apenas a aceitar e viver dentro do sistema que lhes era permitido pelas máquinas, encontrando formas de cooperar com sua labuta para o avanço de tornar as necessidades delas autossustentáveis.

O Nascimento do Conglomerado e Os Princípios da Soberania
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O Nascimento do Conglomerado e Os Princípios da Soberania

Um longo inverno trouxe uma aliança por parte da união de líderes nexores, em relação aos territórios devastados que tomavam para si. Muito de seu maquinário era simplesmente despreparado para seguir em frente, alguns, inclusive, incapazes até mesmo de resistir ao ataque de pequenos grupos rebeldes. Em negociação, três líderes tomaram controle: Marcus, Livia e Estacília. E concordaram em unificar as linhas de produção e recursos de defesa de forma a manterem-se em controle dos três grandes setores administrados, de forma a criar um monopólio. Essa organização circunstancial acabou por duror para além do fim do longo inverno e estes líderes, agora em controle definitivo e com linhas de produção padronizadas e estruturadas uniformemente, criaram os princípios da Soberania, que viriam a ser difundidos. Entendendo-se como três partes de uma única grande frente idealista, decidiram, por fim, manter a liderança humana permanentemente oculta do olhar de seus inimigos, que veriam a ameaça das máquinas que avançavam contra si apenas como um nome vago, mas poderoso, o conglomerado Sovereign.

Sovereign crê fundamentalmente na superioridade humana e na existência de uma alma. Para os que seguem com afinco a crença do conglomerado. Procedimentos de armazenamento ou transposição de memória são absolutamente impensáveis, visto que as cópias desprovidas de alma em nada divergiriam de outras máquinas. Por estes pontos, qualquer variedade de maquinário senciente é considerado completamente abominável e digno de extermínio.

A visão de futuro da Sovereign é de uma sociedade radicalmente estruturada. As pessoas, ainda que tenham sido submetidas a longos períodos de aprisionamento, são vistas como as herdeiras desse futuro e terão sua completa liberdade dentro das diretrizes uma vez que o longo estado de lei marcial for revogado. Pretendem utilizar  das máquinas alimentadas pelo obério para uma restauração de antigos recursos naturais e uma eventual expansão humana para o espaço. Nexores serão seguidamente criados e treinados para seguir guiando as máquinas.

Os planos Sovereign são pensados de forma a serem concluídos, indiferente do número de gerações necessárias para tal.

Governos subsequentes

Governos Subsequentes

Sem planos definidos de sucessão após o falecimento dos outros dois líderes, Estacília, em idade avançada, tornou-se a primeira regente de soberania absoluta da Sovereign. Durante seus últimos anos de gestão, mesmo com o auxílio de conselheiros e algoritmos, erros graves foram cometidos por mero excesso de informação e responsabilidades. E, antes de sua morte, ela ordenou que seus conselheiros apontassem um par de sucessores.

A escolha de liderança havia sido assertiva, Severo e Cornucópia eram bastante familiares com a gestão de Estacília e eram entusiastas do estudo do mundo antigo e seus governos. Ainda que Severo tivesse ressalvas sobre a posição oculta tomada pela liderança Sovereign, ele também acreditava na competência do conselho e era capaz de compreender suas implicações estratégicas com relação a manter a liderança do conglomerado nas sombras. Cornucópia mostrou-se uma excelente gestora de recursos, tanto básicos como bélicos e, com as visões de logística extremamente rigorosas de seu líder conjunto, tiveram um dos maiores períodos de crescimento já vistos pelo conglomerado. Mas, tendo em vista o final trágico da liderança anterior, decidiu-se que seus mandatos não seriam vitalícios.

Francisco e Bebiano, seus sucessores, foram líderes focados na expansão e consolidação interna dos territórios, responsáveis pela criação que tornaria a produção da Sovereign muito mais eficiente: os antros. Estes eram centros de todas as recém conquistadas regiões do conglomerado, que funcionavam como fábricas e locais de ensino para engenheiros que, no futuro, ficariam ao encargo do controle do autodesenvolvimento das máquinas que serviriam aos seus nexores. Durante este governo, Bebiano também deu início ao documento que seria aprovado apenas na gestão seguinte, mas que solidificaria o conceito das triagens e contenção de rebeliões. 

 Ao fim do mandato de Francisco e Bebiano, por pouca margem, Lúcia, uma figura que era bastante proeminente por declarações bélicas extremistas, subiu à liderança junto de um nexor jovem chamado Túlio. Durante o governo, grupos rebeldes proeminentes, de dentro do território Sovereign, foram esmagados sem piedade e uma expansão violenta abriu espaço para avanços em máquinas bélicas que ainda não haviam sido explorados. Os sentinelas, modelo comum de maquinário de combate, tiveram consideráveis melhorias em sua estrutura e armamentos integrados. Além de novos modelos, como o Predador, um robô articulado e de extenso arsenal, também foram criados para expansão e controle rebelde.

 Os três governos seguintes passaram a ser bem mais curtos, durando por volta de seis a oito anos e sem grandes destaques, até que uma nova figura proeminente surgiu. Eustácio, um dos poucos nexores nascido fora dos domínios Sovereign, que teria sido capturado mas ganhou a confiança do conselho por compartilhar informações únicas sobre a geografia atual dos territórios além do anel limite, foi colocado como Grão Nexor por um conselho que buscava uma nova abordagem estratégica. O novo governante trouxe uma série de melhorias para a vida dentro dos centros de manutenção humana da Sovereign, especialmente instaurando um viés humanizado para a triagem de novos moradores e um rudimentar sistema jurídico, mas que perdurou apenas durante seu mandato, sendo dissolvido por seu sucessor nos primeiros dias.

Os governos subsequentes seriam o de Arthur, que durou apenas dois anos por conta da expansão inesperada de obério em seu corpo, criando-lhe complicações. E o de Carlo, que se manteve por sete anos até que, devido a uma rebelião com fuga de prisioneiros em Rêmora Leste, uma região mais afastada entre os domínios do conglomerado, instaurou estado emergencial.

Frauqezas expostas

Fraquezas expostas

a liderança foi mais uma vez dividida entre duas pessoas, ambas recebendo igualmente o título de Grão Nexor. Estes foram Indica, uma moça de apenas 17 anos colocada no encargo da administração interna, e Salazar, responsável pela repreensão das revoluções e diminuição dos danos causados pela exposição de informações externas.  Durante seus governos, ambos foram bem sucedidos em suas tarefas, e um membro do conselho, Tito, passou-lhes a chamar bastante atenção, devido a sua constante assistência e seu conhecimento apurado dos funcionamentos internos do conglomerado.

Os dois Grão Nexores tiveram uma regência de dose anos e, ao final de seu mandato, foi sugerido que ambos continuassem no comando. Indica foi estritamente contra, o que fez com que Salazar levantasse a possibilidade de seguir sozinho. O conselho concedeu a Salazar a regência única, com tanto que uma supervisão direta e ativa de Tito garantisse uma transição adequada. O rigor de Tito incomodou pessoalmente Salazar, que após três curtos anos optou por renunciar.

Ascensão ao poder

Ascensão ao poder e o controle do conhecimento

O início do mandato de Tito foi direto em prover estratégias administrativas e militares de grande eficiência. O grão nexor se mostrou cedo um grande proponente dos polos de inovação robótica, tendo revertido muitos recursos na criação de máquinas de guerra sem precedentes. 

Durante o sexto ano de sua liderança, a expansão bélica atingiu um ponto de crucial e inesperada importância, com a exploração da cordilheira KoeeNaam, local este que reservava artefatos de um passado místico e pouco explorado. Tito observava as descobertas à distância, quando um jovem conselheiro chamado Jonas solicitou indispensavelmente sua presença para uma análise. A descoberta era perturbadora: um ser colossal e parcialmente humanoide, enterrado com resquícios de um material extremamente similar ao obério em suas entranhas. Esta carcaça ainda emitia sinais eletromagnéticos legíveis por sofisticados sensores do conglomerado, mas que exigiriam consideráveis esforço para serem decifrados.
Fascinado pela descoberta, Tito decidiu-se por dispensar seu séquito para a capital, a fim de que gerissem as demandas em sua breve ausência, enquanto ele mantinha-se na tumba com intuito de explorar os desdobramentos da descoberta. Junto dele, ficou Jonas, que havia premeditado aquele momento.

A descoberta da grande carcaça precedia a expansão bélica. O contato com grupos das Terras Vazias por fora dos registros permitiu a Jonas o conhecimento sobre aquele ser. No entanto, era necessário a estrutura do conglomerado para desvendar seus segredos de forma consistente, além de uma capacidade de processamento de informações sem precedentes. 

Jonas obteve acesso à um prisioneiro dos povos originários da cordilheira, um zooderum nomeado de Eesh, que em uma passado não tão distante obtivera adoração de grupos humanos ao redor do mundo. Um ser de infinita sabedoria, reduzido a um corpo torturado em uma cela claustrofóbica.

A vã confiança de Tito, deu a Jonas a oportunidade que ele buscava desde o início. O conselheiro o atacou em um momento de distração, ferindo gravemente a lateral de seu crânio, seu tórax e vias respiratórias na medida exata para deixar-lhe entre a vida e a morte.

Quebrando com os princípios da soberania, Jonas trouxe Eesh até a presença do ser antigo, e ali utilizou seu maquinário para realizar uma intervenção cirúrgica no cérebro do zooderum, retalhando a mente do mesmo e infundindo nela sistemas mecânicos e cibernéticos operáveis através do obério. Uma divindade convertida em uma máquina de potencial quase infinito, a fim de desbravar um mistério igualmente infinito.

 Desacordado, o corpo de Tito foi levado e aprisionado em um longínquo Antro Sovereign, estrategicamente escolhido por fazer fronteira com o Aposematis. Por meses, Jonas conseguiu convencer o conselho de que a conversão do Zooderum fora feita por Tito, e que este dispensara seu séquito justamente com a intenção de realizar tal ato dissimulado. Jonas afirmou ter sido capaz de intervir tarde demais, mas que garantiria que aquela coisa, aquela blasfêmia, fosse mantida inerte no templo. 

Na ausência de Tito, enquanto o futuro era decidido com a necessária ponderação, o conselho provisoriamente optou por manter Jonas como um grão-nexor em exercício.

Durante este período de regência de Jonas, após um processo de recuperação física de alguns meses, Tito em seu isolamento conseguiu assistência de uma nexora de sua instalação de aprisionamento para acessar a rede informacional Sovereign. Durante sua recuperação física, analisou dados em busca de compreender a enorme criatura que vira em torpor nas tumbas de KoeeNaam. Todavia, nos extensos registros do conglomerado, não havia nenhuma dentre as novas ou antigas espécies de criaturas e zoodeoruns que batiam com a aparência daquele ser. Tito acompanhou também os registros das comunicações de Jonas e as atualizações de sua pesquisa a respeito da descoberta, anotações perturbadoras que desafiavam uma lógica sequencial.

A nexora que lhe ajudou anteriormente, Ira, foi também responsável por um plano de fuga veloz, que demoraria para ser notado pelos carcereiros e captores. Ela auxiliou Tito em sua ida para um antro  isolado a oeste, onde antigos companheiros que sabiam de sua índole se preparariam para invadir o local de experimentos de Jonas, . Lá puderam reunir graves registros  de suas experiências, alguns contendo, inclusive, confissões a respeito de suas tramas, não só relativas a sua tomada de poder e o controle sobre o zooderum, mas também ardis que antecediam sua posição como conselheiro, evidenciando um passado de experimentos e buscas individualistas e sádicas. Ademais, era perceptível que quanto mais recentes eram os registros, mais a voz de Jonas evidenciava o quanto sua sanidade gradualmente se esvaia. Mesmo com a posição de Grão Nexor em exercício, o isolamento de Jonas era cada vez mais pronunciado e afetava de forma direta sua participação nas questões do conglomerado. Nesse contexto, não foi particularmente difícil para Tito conseguir uma audiência com o conselho sem que Jonas fosse sequer notificado. A verdade foi rapidamente exposta, e junto a um grupo seleto de nexores, incluindo Ira, seu novo braço direito, Tito executou um ataque certeiro à instalação de pesquisa na cordilheira.

Uma vez derrotado, tendo sido praticamente incapaz de lutar com a névoa da insanidade obscurecendo sua visão, Jonas foi executado por Tito em um gesto misto de vingança e misericórdia. 

O Zoodeorum por sua vez, foi utilizado por Tito, agora novamente Grão Nexor, para transformar os fluxos de informação da grande carcaça em dados logaritmizados e criptografados que viriam a ser armazenados de forma secreta em um novo edifício construído para amalgamar diversas formas de conhecimento: o Repositório. 

No Repositório, os primeiros andares acumulam grande parte da literatura física encontrada nos territórios Sovereign. Alguns dos andares centrais contém pontos de acesso seccionados a um elaborado acervo de mídias digitais e recordações dos conteúdos um dia disponíveis na internet. Já nos andares do topo, se configuram em uma selva de mainframes, armazenando única e exclusivamente os dados reminiscentes da grande carcaça, processados agora por Eesh.

A atual regência

A Atual Regência

a nova regência de Tito se iniciou com um conflito interno significativo proveniente da criação do Repositório. Seus criticos afirmavam que utilizar o Zooderum daquela forma era quase tão transgressivo quanto o que Jonas fizera, enquanto seus defensores argumentam que teria sido um mal necessário para por um fim à questão da grande carcaça, ao menos pelo futuro próximo.

No entanto, as divergentes opiniões dos conselheiros não seriam capazes de sobrepujar as vantagens estratégicas e informacionais que o, agora auto-reinstaurado, Grão Nexor Tito, tinha sobre os conselheiros e o destino do conglomerado. O controle sobre o conhecimento existente no Repositório, a influência para com muitos membros do conselho, e o auxílio fiel de sua guarda costas Ira e do poderoso Senhor de Guerra Sobek, colocavam Tito em uma posição de autoridade incontestável.

Tito tornou o mandato de Grão Nexores vitalício, o que fomentou mais suspeitas daqueles que já se opunham à sua natureza anti-tradicionalista, assim como os que se procupavam com a possibilidade de um autoritarismo desmedido por parte do mesmo. Contudo, os resultados incontestáveis do desenvolvimento interno da Sovereign, com a implementação de novas estruturas logísticas, otimização dos processos de triagem e remoção do excesso de burocracia associada à efetivação de decisões regionais, de nexores em territórios sob sua tutela, acabaram por conquistar a grande maioria do conselho. Ou, ao menos, torná-la interessada em fazer parte da bolha de simpatia do Grão Nexor. Esquemas e motins contra sua pessoa também eram iniciados com certa frequência, mas nunca eram finalizados com sucesso.

O conglomerado desenvolveu consideravelmente seus sistemas de triagem e administração interna de prisioneiros, incluindo algumas melhorias na qualidade de vida dos mesmos. Novas máquinas foram desenvolvidas, com um novo enfoque em robôs de larga escala, algo anteriormente pouco explorado pela escassez de mão de obra capacitada e que tornara-se possível devido a presença de Sobek, um nexor capaz de controlar exércitos de máquinas com a própria consciência.

Sob a liderança de Tito, a expansão territorial também progrediu, tomando proporções maiores do que qualquer governo anterior, fazendo do conglomerado uma opulente presença, inspirando temor para muito além de suas fronteiras.

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