top of page

O IMPACTO

O Impacto

A humanidade, com seus conflitos e inerente egocentrismo, por milênios fora capaz de se manter viva, constantemente tendo que compensar pelas destruições que ela própria causava. De toda forma, o avanço tecnológico e científico se manteve sempre pulsante, guiado por aqueles que tinham recursos para se apegarem à própria inconsequência.

Um rasgo vermelho vivo surgiu no céu da estagnada civilização. Por alguns dias, o inenarrável clarão tornou-se um objeto de atenção global. Na mídia e nos círculos sociais foram levantadas inúmeras teorias. Muitos o viram como um sinal divino, enquanto outros acreditavam ser um evento passageiro. Todavia, aqueles que dedicavam a vida a estudar os céus e suas estrelas, temeram por sua falta de entendimento. 

Não houve tempo para hipóteses científicas serem criadas ou para qualquer coisa ser feita a respeito. Quase quatro dias após o surgimento do clarão, um enorme objeto nomeado de Oberon 347, em velocidade absolutamente devastadora colidiu com o planeta.

Como imagina-se de um evento dessa magnitude, a zona ao redor do impacto foi completamente reduzida a pó, não somente pelo pulso sônico gerado pela queda, mas também pelo intenso calor e pela energia que emanava daquele corpo estranho de propriedades desconhecidas. Nações inteiras foram desfeitas e o balanço político global entrou em absoluto caos em questão de horas. Com continentes dizimados em poucos dias, os efeitos da presença de Oberon começaram a se tornar mais proeminentes. Problemas de comunicação, novos patógenos, catástrofes climáticas e um agravamento intenso de todos os problemas ecológicos preexistentes, fizeram com que os governos não resistissem, uma vez que o pânico público emergiu da escassez de recursos e da incerteza a respeito do destino do planeta.

No negro do espaço, o enorme corpo celeste foi observado pela primeira vez com espanto. Aparentando ter surgido de repente por entre as estrelas, o misterioso asteroide, causou inquietação entre a comunidade científica de que um objeto de porte tão colossal não fora observado antes de estar tão próximo ao planeta. No entanto, a enigmática rocha seguia sua trajetória sem a previsão de danos ou complicações. Sua aproximação sequer foi notada por boa parte da população mundial e, os poucos que sabiam, não se mostraram preocupados com sua existência, afinal suas ciências e medições não indicavam motivos para alarde.

O asteroide seguiu tácito e rente ao planeta como previsto, mas após ultrapassado-lo veio a colidir com outro objeto igualmente desconhecido. Esse primeiro impacto, que ficou conhecido posteriormente como céu rubro, dividiu o colossal asteroide. Sua maior porção seguiu rota ao sol onde foi sugado pela gravidade do astro e veio a explodir, gerando descargas de massa coronal que danificaram grande maioria dos equipamentos eletrônicos do planeta e destruíram os meios de comunicação instantaneamente. Os fragmentos menores, rumaram em direção oposta avançando ao planeta e causando uma chuva de meteoros por todo o globo.

Destes fragmentos, muitos perderam-se nos oceanos, alguns reduziram-se e evaporaram ao transpor a atmosfera e outros perderam-se do registro humano em territórios desabitados. Todavia, o fragmento de maior dimensão, medindo aproximadamente 1,6 km de diâmetro, veio a atingir a terra. A nuvem de pó e cinzas que subiu do impacto era de um brilho avermelhado que espalhou na atmosfera partículas desse minério. Os mares, com ondas colossais, engoliram cidades inteiras, enquanto o choque do impacto acarretou em terremotos e erupções vulcânicas globais. 

Toda a região que circundava o impacto ficou inacessível. E com anos de catástrofes e o surgimento gradativo e crescente de novas ameaças, a humanidade apenas subsistiu no que restara do mundo. Grupos de pessoas tentavam recuperar a vida prolífica sem sucesso, para, somente com o passar das décadas, surgirem novas e pequenas sociedades melhores estruturadas. 

O meteoro afetou o ambiente ao seu redor. Não só a radiação se espalhou gerando novas espécies de fauna e flora, como o clima se alterou em diversos territórios pelo globo. Novas e distópicas sociedades surgiram como alternativa à sobrevivência por todo o mundo, enquanto inimagináveis novos perigos se desenvolviam em silêncio. Na área do impacto, os ecossistemas que surgiram, após o resfriamento da região, trouxeram propriedades absolutamente novas e aparentemente extraterrestres, enquanto a radiação residual das partículas do minério espacial na atmosfera aceleraram, quase que magicamente, a evolução de diversas espécies de animais e plantas por todo o planeta. Foi um tempo longo até que os primeiros humanos das proximidades conseguiram ter acesso a uma fração da área do impacto sem efeitos colaterais e, consequentemente, um tempo ainda maior para terem contato com o material que havia colidido com a Terra. 

Além do extremo calor ainda emitido da rocha espacial, tornou-se rapidamente evidente que o material, nomeado de obério, era capaz de emanar por si só quantidades imensuráveis de energia limpa. A natureza dessa energia, todavia, era completamente desconhecida, ainda que compatível com muitas das funcionalidades tipicamente atribuídas à energia elétrica. Contudo, os efeitos dessa mesma energia emitida pelo corpo espacial, ainda eram nebulosos a exposição em humanos e outras formas de vida.

cenario.png

Retrocesso tecnolOgico e a permanEncia das I.A.s

´

ˆ

Retrocesso tecnológico

Com a colisão dos objetos misteriosos que tingiram os céus de vermelho brilhante, veio a primeira onda de destruição. Antes dos ventos arrasadores, das ondas gigantes, dos terramotos e da radiação, o caos se instaurou acompanhado da escuridão. O princípio do fim se deu através de uma intensa tempestade solar que afetou os sistemas de comunicação e danificou circuitos eletrônicos gerando blackouts generalizados.  

Sob o lúgubre matiz vermelho, o planeta enfrentou o colapso do status quo. Satélites em órbita, avariados pela ejeção de massa coronal, causaram a interferência e a perda dos sistemas de comunicação e navegação. Enquanto as correntes geomagnéticas, dispersadas no solo, destruíram componentes eletrônicos fazendo com que o mundo moderno, construído sobre a tecnologias e infraestruturas digitais, se visse sem recursos para sustentar sua humanidade.

Em outras palavras, os sistemas que nos faziam civilizados caíram. A ordem financeira global se viu sem amparo diante da imensa perda de informações, tornamo-nos incomunicáveis a nível global, ao passo que transmissões de suma importância eram interrompidas em decorrência de partículas solares que afetaram os sistemas de alta frequência e longa distância. Os GPS pararam de funcionar, abalando a logística e navegação de aviões, navios e frotas terrestres, os rádios eram inúteis e a sobrecarga das redes elétricas causaram danos irreversíveis a aparatos eletrônicos, resultando na perda de dados, apagões e, consequentemente, no pânico da população. 

Mergulhada no medo e na desordem, em poucos dias, a humanidade presenciou o ápice de sua ruína. E após o impacto de Oberon 347, os estragos físicos eram tão imensuráveis que não haviam recursos ou contingente capaz de restabelecer os sistemas eletrônicos e digitais que se haviam perdido. Todavia, apesar do retrocesso, nem toda tecnologia foi perdida. Bases militares, instalações tecnológicas e grandes servidores, há muito já se protegiam de ameaças terrenas com recursos capazes de lhes defender de tempestades solares. Utilizando-se de blindagens eletromagnéticas, a fim de salvaguardar seus dados, essas organizações foram capazes de resistir. Com seus servidores e sistemas internos protegidos, puderam estes reconstruir tecnologias e sistemas próprios, desnivelando a corrida pela sobrevivência. 

Fora dessas paredes reforçadas e gaiolas de Faraday, muitas das máquinas que coexistiam conosco, desde robôs de serviços a I.A.s públicas, tiveram danos permanentes devido a radiação e as correntes elétricas em seus circuitos internos, sendo agora somente carcaças expostas pelas ruínas das cidades, feito a memória de um tempo preservada sob a poeira e ervas daninhas. Contudo, também houveram aquelas que, por não estarem ligadas à rede elétrica e devido à suas baterias integradas, mantiveram-se em funcionamento apesar dos danos aos seus componentes, das falhas em seus sistemas e, principalmente, da perda da conexão com seus servidores.

Com o passar das décadas, muitas delas sucumbiram à inutilidade e estacionaram pelos cantos em hibernação, ou então continuaram repetindo sua programação para o vazio, executando sua função para o nada, até a completa descarga de suas baterias. Outras, sem os dados de seus servidores, sem manutenção e com falhas estruturais, entraram no campo da exceção e puderam desenvolver-se sozinhas ou em pequenos sistemas, existindo de forma autônoma sem servir a humanidade.

Zoodeorum

OS DEUSES E SERES DA FANTASIA

Zoodeorum

O surgimento da espEcie

´

Com o colapso do mundo moderno devido a queda do cometa Oberon e a supremacia do conglomerado Sovereign, criaturas anciãs, tidas como bestas fantásticas e deuses para algumas culturas, acabaram por erguerem-se de seus refúgios e esconderijos e, fatalmente, revelaram sua mortalidade em comparação às máquinas.

Com seus territórios dizimados ou inabitáveis, muitos desses poderosos seres antigos, conhecidos agora como zoodeorum, foram extintos pelo poderio tecnológico ou corrompidos por máquinas ou mutações a ponto de perderem sua consciência. Os que sobreviveram a todas essas circunstâncias, precisaram se adaptar.

Nos primeiros anos, com os desastres climáticos e a destruição da fauna e flora de regiões por todo o globo, a sociedade humana presenciou um êxodo de animais que tentavam sobreviver aos desastres, de inundacões a queimadas, e invadiam desde cidades até biomas incompatíveis a suas espécies. Com eles, os homens também puderam ver criaturas que já habitavam o mundo antes da queda do meteoro e que a muito se escondiam dos olhos humanos. Não só animais julgados extintos, mas unicórnios, yatagarasus, serpes, entre tantos outros que até então julgava-se fazerem parte somente da imaginação; puderam ser vistos e registrados. Esses seres raros foram chamados de zoodeorum.  

Apesar de uma nomenclatura única, Zoodeorum, é um nome comum, genérico, dado a toda fauna que os humanos já julgaram fantástica e que engloba a mais variada gama de seres. Desde animais raros de populações minúsculas, como dragões e grifos, até vampiros, minotauros e outros seres sencientes que se escondiam entre nós. Podendo-se, de maneira rudimentar, dividi-los em duas classes, zoodeoruns animais e zoodeoruns humanos.

Aos olhos humanos

Apesar de ter se tornado um termo comum com o passar das gerações, o nome ainda é pouco utilizado. Afinal, a única diferença entre zoodeoruns animais e novas espécies de criaturas pós radiação é que os zoodeoruns faziam parte da literatura do mundo antigo, que a muito se perdeu nas sociedades contemporâneas. Um humano médio, por exemplo, não saberia diferenciar entre um hipogrifo, um cavalo e uma sabujo-de-nariz-estrelado como, respectivamente, um zoodeorum, uma animal do antigo mundo e uma criatura pós radiação.  

Todavia, no caso dos zoodeoruns humanos, há um consenso de que aqueles com características animais, tais como minotauros, são conhecidos como espécie e assim chamados de zoodeorum. Porém, ainda há aqueles com características majoritariamente humanas que podem ser confundidos com mutantes ou se passarem por humanos sem nunca revelarem sua real natureza.

Sociedades pós-impacto

As Sociedades

pOs-impacto

​´

sociedades.Sovereign2.jpg

A evolução das máquinas e o minério espacial

CONGLOMERADO 

SOVEREIGN

Atrás de uma face metálica, o misterioso exército de máquinas do conglomerado subjuga os territórios ao seu redor em nome dos princípios da Soberania, representando os interesses daqueles que estão dispostos a sacrificar tudo por um futuro glorioso.

sociedades.Filhos da Maturação.jpg

ou Culto dos Seis Dedos ao seu deus vivo

FilhosdaMaturação.png

Afetados pela radiação do minério espacial, os humanos sobreviventes da região do impacto desenvolveram mutações que os privaram do convívio com outras pessoas. Na busca por um lar, encontraram o supercomputador BESMEC, o qual se tornou o símbolo de adoração dos Filhos da Maturação.
O culto prega a elevação intelectual e espiritual através do aprimoramento de suas mutações e implantes cibernéticos.

sociedades.Aposematis.jpg

APOSEMATIS

A proliferação de uma espécie

Com o único intuito de consumir tudo em seu caminho, os vivents são a combinação aperfeiçoada do orgânico com a máquina. Seres sencientes regidos por uma inteligência gestáltica que se alastra pelos territórios feito um fungo nocivo que a tudo engole.

sociedades_edited.jpg

Nova Parmena

Resistência, anarquia e a domesticação de bestas

Nova Parmena é uma região anárquica anti-tecnologia que prosperou após o colapso através da criação e domesticação de criaturas, assim como pelo acúmulo de saberes do passado. Com frequência exploram as Terras Vazias em busca de criaturas e conhecimentos do mundo antigo.

sociedades.bangseux.jpg

BANGSEUX

A submissão aos prazeres da carne

Forjada no caos e na barbárie, Bangseux é uma cidade que perdeu-se em seu hedonismo. Erguida dos restos de um local que ofericia sexo, jogos de azar e espetáculos, Bangseux é controlada por seis gangues que conspiram entre si, sem poder exterminarem-se, afinal cada uma controla um recurso essencial para a sobrevivencia da cidade e de seu estilo de vida.

MoonBase.png

Império

LUNATERRA

A esperança na exploração, reconstrução e diplomacia

As grandes nações e elites financeiras do planeta recrutaram cientistas e militares para lançar uma expedição permanente que resultou na criação de uma colônia lunar.
Durante quase uma centenas de anos, a sociedade lunar prosperou. No entanto, com o esgotamento de recursos essenciais, a sociedade lunar tomou uma decisão crucial: retornar à Terra.

Inanis - Cult of the machine.png

ANTEVAZ

A luta contra as máquinas e a substância curativa

Após anos enfrentando a ameaça de uma IA vinda das estrelas, eles a derrotaram. E no fim da guerra, descobriram uma substância capaz de curar, o Vora’Kin. Agora, cruzam o mundo de Inanis em busca daqueles que, como eles, sofrem sob a tirania e a morte.

As Terras Vazias

AS TERRAS VAZIAS

EM MEIO A VASTIDÃO DO MUNDO

As sociedades aqui apresentadas não são as únicas, talvez, algumas das mais prolíficas no universo de Inanis.. Mas é certo que, passado mais de um século após o colapso mundial, se torna difícil mapear todas sociedades que surgiram e sucumbiram nesse período. Afinal, a natureza humana nos concede a ânsia por sobreviver, mas adaptar-se a essa nova realidade exigiu do ser humano soluções e habilidades únicas, visto que as situações apresentadas eram tão excepcionais que não houvera paralelo histórico no qual se espelhar.

O mundo tornara-se vazio, as cidades antes populadas converteram-se, aos poucos, em bosques transpassados por metal e concreto. Enquanto, feito relicários, casas e apartamentos ainda resguardavam, abaixo de pó e mofo, a memória de um estilo de vida já inexistente. Quando os governos sucumbiram e a humanidade se viu sem regras e sem leis, sobretudo sem amparo, muitos ajuntamentos de sobreviventes tentaram arranjar a melhor maneira de lidar com as calamidades. Conforme os anos passaram, o futuro lhes reservou todo tipo de destino. 

Centros urbanos densos que não foram tão afetados por desastres naturais tiveram melhores chances de sobreviver, ainda que tivessem que lidar com a ganância e corrupção humana. Desfeito o status quo, na falta de perspectivas de um amanhã sem sofrimento, saques e atrocidades foram cometidos pela atmosfera apocalíptica. Os mais hedonistas, simplesmente aceitaram gozar da selvaria em função da certeza de uma vida breve e, assim sendo, a tiveram. Enquanto pequenos coletivos conseguiram sobreviver em meio ao caos, um dia de cada vez, preservando uma filosofia de comunidade entre os seus.

Toda sorte de sociedade surgiu do desejo intrínseco da humanidade de sobreviver por mais um dia, de grupos maiores a menores, de urbanos a rurais, de dogmáticos a libertários. Todavia, indiferente aos seus sistemas e organizações, o acaso se encarregou de, aos poucos, diminuí-los em números, fazendo-os serem eliminados ou eliminarem-se entre si. Não muito diferente do que foi visto na história de muitas sociedades já apresentadas.

Houveram cidades completamente tomadas pela fauna e flora, junto a novas bestas e aberrações que a humanidade não havia visto. Outras, sem a presença humana, se tornaram sacrários onde máquinas, feito almas penadas, perambulam largadas ao próprio autodesenvolvimento. Robôs de serviços ainda parados em balcões de bares, I.A.s públicas que, na falta de propósito, aprenderam a se comunicarem entre si. Máquinas que ainda buscam servir a humanidade mesmo que a força, autômatos inertes que com suas luzes de led assombram cidades mortas. Sistemas singularmente danificados, que agora agem ao avesso de suas diretrizes. Todos aguardando em fronteiras já esquecidas.

Os humanos, por outro lado, sem o mesmo acesso que tiveram a comunicação no passado, conceberam e recriaram moldes de coletividade com o que tinham disponível. Desde sociedades mais desenvolvidas, em tecnologia e civilidade, até organizações feudais ou tribais, distantes umas das outras tanto em milhas como em conhecimento. 

Tiveram aquelas que, em pequenas comunidades, se protegeram na descrença e vivem ainda tentando imitar a vida no mundo antigo. Enquanto outras, abraçaram o caos e entenderam rápido que nada do passado tem lugar nesse novo mundo. 

O certo é que, entre áreas devastadas por desastres, ocupadas por máquinas ou bestas, infectadas de radiação ou idilicamente férteis; feitas de concreto, rodeadas por natureza ou exuberantes em novos biomas; pequenas sociedades ainda vivem. Com costumes, crenças e regras próprias, perdidas entre uma imensidão de nada que as separa umas das outras. Esses hiatos não mapeados entre a vastidão do nada, sejam de flora ou concreto, onde essas pequenas comunidades sobrevivem, são conhecidos popularmente como as terras vazias.

bottom of page