


Nova Parmena
Resistência, anarquia e a domesticação de bestas
Após o colapso social e político e os esvaziamento e precarização das áreas urbanas, os habitantes da cidade de Parmena, localizada nos arredores do Anel Limite, haviam adotado um estilo de vida coletor, onde desafiavam a sobrevivência vasculhando e saqueando os restos de lojas e edifícios vazios. Estes sobreviventes de Parmena viviam em grupos isolados que se espalhavam por todas as ruas da grande metrópole em ruínas. Todavia, com a expansão territorial do conglomerado Sovereign, devido a suas fronteiras próximas, a cidade de Parmena sofreu com uma das primeiras investidas das máquinas do conglomerado. Anos se passaram enquanto a população tentava inutilmente resistir através de uma oposição armada. Mas aqueles que não morriam no confronto direto eram capturados para os Antros do conglomerado. Até que por fim, os sobreviventes da resistência parmena foram forçados a fugir.
Decididos a rumarem a províncias distantes, diversos grupos de resistência migraram em busca de um novo lar, até que encontraram uma prolífica cidade pouco habitada que, em seus dias pré impacto, era constituída por regiões conurbadas, que incluíam áreas rurais, nos limites da cidade, e áreas urbanas, cada vez mais densas ao aproximar-se do centro. Apesar de ser uma metrópole, Sornova não havia sido uma cidade muito notável antes da chegada de Oberon ao planeta. Não era a mais desenvolvida em nenhum aspecto, nem tinha em si um chamariz turístico ou cultural. Porém, com uma condensada área urbana, grandes campos nas cercanias e tendo preservado muito de seu patrimônio histórico na parte velha da cidade, os parmenos com seu estilo de vida coletor, viram nela uma chance para se desenvolverem.
Em Sornova, os sobreviventes estavam dispersos por toda a metrópole e adjacentes, havendo desde aqueles que sobreviviam sucateando o que restara dos centros da cidade, até aqueles que tentavam criar novas comunidades rurais. Os sornovianos da parte urbana enfrentavam a miséria, sucumbindo à escassez e ao esvaziamento constante de recursos causados por eles mesmos. Em paralelo, os coletivos de sobreviventes rurais, mesmo com grandes campos, enfrentavam uma enorme falta de subsídios, afinal a cada dia que se passava o solo ficava mais infertil para agricultura, enquanto as pequenas comunidades que viviam praticamente em níveis medievais, eram facilmente saqueadas e atacadas, fossem por outros grupos rurais que enfrentavam o mesmo problema, ou, por aqueles que vindos da região urbana em busca de esperanças no campo, traziam consigo a letalidade das armas e tecnologia. Aos poucos, os sobreviventes de Sornova estavam exterminando-se entre si.
Vindos de uma realidade de conflito, os recém chegados sobreviventes de Parmena não desejavam um embate com os habitantes da cidade. Eles buscaram harmonia na esperança conjunta por melhora e, aliados aos sornovianos que aderiram a sua causa, se estabeleceram no antigo forte de Aarne-T.
Os sobreviventes de Parmena
Nova Parmena
o forte Aarne-T é uma antiga e pequena cidade murada, situada a poucas horas do centro urbano, onde houve uma junção de pequenos grupos de sobreviventes. A estrutura medieval da cidade deu um mínimo de conforto para seus habitantes, enquanto o campo e as fazendas ao redor serviram de base para a subsistência dos moradores. A região do forte e arredores, nomeada de Nova Parmena, foi fundada no preceito anti-tecnológico. Nada digital, principalmente o que pudesse ser hackeado, tinha a permissão de cruzar as fronteiras.
Devido ao solo pouco fertil para plantio, a agricultura não pode ser a base de Nova Parmena. Como alternativa, parte de sua subsistência vem de coletar recursos do centro destruído de Sornova e outras cidades mais longínquas, onde, de vez em quando, é possível encontrar com I.A.s perdidas ou máquinas do conglomerado Sovereign. Os parmenos também tiveram sucesso na criação de animais para produção de alimento e matéria-prima. No início, novas doenças e mutações dificultaram o processo, mas com o tempo eles aprenderam a utilizar essas criaturas, não somente para pecuária, mas como recurso para toda civilidade que haviam perdido. Descobriram assim como adestrar bestas para se protegerem e caçarem, identificaram quais mutações poderiam cruzar para tornar a carne comestível, entenderam como capturar e domesticar feras, que até então só faziam parte da fantasia, e exploraram as possibilidades que elas ofereciam.
a sociedade Parmena
A sociedade parmena é dividida, primeiramente, em uma comunidade rural que habita nos campos, plantando e criando algumas espécies de animais e bestas, enquanto, dentro dos muros, temos artesãos, sucateadores e mecânicos, que adaptam tecnologias analógicas às necessidades dos parmenos; tratadores e treinadores, que cuidam das bestas, e biologistas e criadores que cruzam e cultivam as novas espécies. Por fim, os coletores e apanhadores, estes que buscam recursos no centro de Parmena e, os segundos, que capturam bestas selvagens e identificam novas mutações, também chamados popularmente de gaioleiros.
Os parmenos também são simpáticos a quaisquer seres orgânicos, sendo eles humanos, criaturas, mutantes ou zoodeorum, podendo encontrar alguns destes vivendo entre os muros de Nova Parmena. Desde que a regra anti-tecnologia seja respeitada.

A grande biblioteca
Dentre as funções na sociedade parmena, há um grupo conhecido como a guilda dos folcloristas, que é responsável pela grande biblioteca da cidade. Os parmenos, sempre se utilizaram de conhecimentos passados para poderem adaptar seus recursos ao novo mundo. Mas, muito da ciência e história se tornou um conhecimento oral após décadas do colapso. Por isso, é costume dos parmenos, em suas incursões, trazerem não só recursos básicos e matéria prima das cidades, mas livros e todo tipo de mídia que possam encontrar, a fim de aprenderem e se desenvolverem com o passado perdido.
Livros de mecânica e elétrica os ensinaram a como adaptar e consertar velhas tecnologias, química lhes fez aprender como fazer combustível para seus veículos, ciência e biologia lhes fez compreender como selecionar os atributos de uma espécie e como catalogar as novas criaturas e mutações, até mesmo a culinária os ensinou a como preparar carnes muito duras ou mesmo venenosas. E, dentre todos os conhecimentos coletados, os responsáveis pela biblioteca começaram a notar que algumas das criaturas mais raras, que eles julgavam fazerem parte do grupo de novas espécies pós Oberon, já haviam sido descritas no passado, em livros rotulados como mitos e lendas.
Toda mídia que chega à cidade de Nova Parmena é levada aos folcloristas e catalogada. E quando essa contém relatos de criaturas mitológicas, é separada, estudada e cruzada fonte com outras narrativas. O objetivo é identificar um zoodeorum quando capturado por um gaioleiro, ou mesmo, averiguar a existência de alguma criatura fantástica que possa lhes conferir um novo recurso para sobrevivência e resistência às máquinas.
A grande biblioteca tem, além de sua finalidade óbvia, o intuito de servir como centro de armazenagem e distribuição dos recursos que chegam à cidade. Reintegrada sobre a estrutura de uma velha biblioteca, o complexo intitulado como a grande biblioteca, conta com construções adjacentes que funcionam como locais de estocagem e distribuição, assim como salões de pesquisas nos andares superiores e núcleos de ensino. Apesar de as crianças parmenas serem instruídas à leitura por seus país, não há uma estrutura formal de ensino e a grande biblioteca oferece auxílio para qualquer pessoa, indiferente da idade.
Os folcloristas, desse modo, não são somente responsáveis pelo cuidado dos livros e da biblioteca em si, é conferido a eles o monitoramento de todo recurso coletado que chega à cidade, em consequência da biblioteca abrigar as reservas e coletas que ainda nao foram distribuídas aos grupos.
Dentro da guilda, é permitido à qualquer cidadão fazer parte dos folcloristas, havendo uma alta rotatividade, quase obrigatória, entre os encarregados pela distribuição de recursos e pelo gerenciamento e organização da biblioteca, fazendo assim com que não haja controle sobre o conhecimento ou os bens coletados. No entanto, aqueles entre os folcloristas que dedicam suas vidas às pesquisas, pertencem a uma parcela menor do grupo. Visto como área de vocação, o trabalho de estudar os mitos é um ofício também permitido a qualquer cidadão, mas segue o alicerce de mestre e aprendiz, devido ao seu caráter especializado. Outros mestres em seus ofícios também costumam frequentar a grande biblioteca a fim de oferecer auxílio à iniciantes.
No início de Nova Parmena, quando os primeiros grupos de sobreviventes se apropriaram do forte Aarne-T, foi feita uma seleção democrática que escolheu quatro homens e quatro mulheres que formaram a primeira célula político-militar dos parmenos. A organização atual segue as bases construídas por eles com, igualmente, oito representantes, quatro homens e quatro mulheres, eleitos democraticamente.
Os parmenos construíram uma sociedade libertária de democracia direta, baseada na cooperação entre os habitantes e na autogestão. A cidade conta com estruturas públicas que dispõem de células de saúde, latrinas e casas de banho, dormitórios, salões de alimentação, além do acesso geral da população à grande biblioteca, que reúne o espólio cultural da cidade.
Por terem sido uma sociedade de coletores no princípio, os recursos e propriedades eram compartilhados com todos os membros de acordo com as necessidades individuais, sendo o trabalho executado para suprir as demandas imediatas, sem preocupações com acúmulos ou sobras. Porém, com o avanço da agropecuária e as especializações dos trabalhos, gerou-se uma necessidade de estocagem, ainda que sem grandes excedentes. Armas e defesas com artifícios melhores dependiam do imediatismo de peças sobressalentes para um funcionamento constante, assim como a criação de animais carecia de estabilidade de meios para a preservação dos mesmos. Tais recursos tornaram-se fundamentais para sustentar as incursões de coletores e, principalmente, para a proteção contra I.A.s que vagavam pelas cidades onde os parmenos coletavam seus recursos.
A solução surgiu naturalmente através de grupos de ofícios. Ao unir trabalhos especializados que careciam dos mesmos recursos, fossem mecânicos e sucateadores, ou, treinadores e biologistas; os cidadãos parmenos criaram coletivos entre si com a função de autogerir a matéria prima e os meios para seus ofícios. Com isso surgiram quatro grupos de ofício com quatro representantes cada.
grupo 01 - folcloristas e gestores públicos, que inclui saúde e alimentação.
grupo 02 - coletores, apanhadores e quíperes, que também formam a força militar da cidade.
grupo 03 - artesãos, sucateadores, mecânicos, guasqueiros, tecelões, entre outros que confeccionam roupas, aparatos, armas e dispositivos
grupo 04 - biologistas, tratadores, treinadores e criadores, que lidam com os animais do estudo das espécies ao trato com os mesmos.
Cada um desses quatro grandes grupos receberá do espólio dos coletores os recursos correspondentes para seu ofício. As necessidades de cada grupo de ofício são discutidas em assembleia aberta e fica ao encargo de seus quatro representantes escolhidos garantirem a comunicação com os outros grupos e a distribuição na grande biblioteca junto aos folcloristas.
A escolha dos representantes é feita durante as assembleias gerais de cada grupo, sendo possível convocar uma eleição a qualquer momento desde que seja consenso entre a maioria. E estes representantes eleitos têm a principal atribuição de participarem da Assembleia de Roseta, que tem por finalidade, mediante uma comunicação mais direta entre os dezesseis representantes, viabilizar recursos e soluções através da especialidade de outros grupos de ofícios. A exemplo da situação mais comum: a necessidade de um grupo quanto a um recurso fora de Nova Parmena, o qual é necessário o planejamento e a incursão dos coletores e apanhadores para tal aquisição. Um estreito laço entre os representantes de cada grupo de ofícios é fundamental para o funcionamento de Nova Parmena.
Os oito representantes da célula político-militar, por sua vez, são compostos por mestres em seus ofícios e, na maioria dos casos, pelos próprios representantes escolhidos dos grupos de ofício. Nos raros casos, em que um membro da célula político-militar é um representante de grupo escolhido especificamente para essa função, e não um dos dezesseis membros já escolhidos como representantes de seus grupos de ofício, este participará da Assembleia de Roseta juntamente com os demais. Os membros da célula não têm nenhuma compensação pelo cargo a não ser o prestígio entre os parmenos. Afinal, a célula tem como responsabilidade tratar das estratégias de ataque e defesa, assim como garantir a subsistência da população geral de Nova Parmena. Ser escolhido como um representante na célula político-militar é sinal de alta confiança por parte da população parmena.
Assembleia de Roseta e os grupos de ofício

As requisições
Em geral, o modus operandi dos parmenos é a defesa. Seu objetivo é sobreviver longe das máquinas mesmo em um mundo tomado por elas. No entanto, as opiniões são divididas dentro dos portões de Nova Parmena, mesmo no íntimo da célula político-militar, onde há divergências sobre o tema. Para alguns a ofensiva é fundamental, principalmente como estratégia a médio e longo prazo, uma vez que as máquinas do conglomerado Sovereign avançam seus territórios diariamente. O que tornará impossível detê-las no futuro caso os parmenos se encontrem sitiados por cidades sob o domínio do conglomerado.
Todas as incursões, sejam aos campos ou as cidades, são definidas dentro da Assembléia de Roseta e viabilizadas através da célula político-militar. A guilda dos folcloristas têm por função estudar e atualizar mapas e relatórios, a fim de localizar recursos para incursões de coletores e apanhadores. Estes que, também, têm como responsabilidade atualizar os folcloristas sobre o estado atual das áreas exploradas e arredores. Com isso, a célula político-militar da cidade, tem informação para criar estratégias que impeçam o avanço de ameaças, sejam elas máquinas, vivents, bestas ou outros grupos humanos. Assim como, para criar ofensivas, com a finalidade de reivindicar ou limpar algum território da grande metrópole em função de recursos ali presentes.
Incursões mais distantes em buscas de zoodeoruns ou outros recursos singulares e escassos, são infrequentes. E quando feitas são bem planejadas, afinal os artifícios e habilidades dos parmenos são mais fracos se comparados aos de seus oponentes, como máquinas, bestas atrozes e vivents.
Em resumo, as coletas, ou as requisições assim chamadas, são pensadas e sistematizadas para diferentes objetivos. A exemplo:
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Eliminação de IAs e outras ameaças, com intuito de impedir o avanço das mesmas ou limpar territórios com recursos valiosos.
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Coleta de matéria-prima. Entre elas tecidos, roupas, peças e sucatas, químicos, dispositivos analógicos, munições, etc.
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Reconhecimento, que tem como objetivo averiguar áreas, sejam naturais ou ruínas de cidades, a fim de confirmar dados coletados pelos folcloristas. Nestes casos, geralmente são destinados destacamentos pequenos e ágeis, somente com o intuito de certificar-se da existência de algum recurso no local e qual o nível de ameaça presente, para uma nova incursão posterior.
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Coleta de mídias. Entre eles livros, revistas, eletrônicos antigos, fitas, discos, etc.
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Captura de animais e zoodeoruns. Essas incursões podem ser para captura de criaturas já conhecidas, onde é destinado um destacamento pequeno e especializado. Ou, em busca de novas criaturas, que reúne um grupo variado em habilidades e costumam alongar-se no território em razão de coletar informações sobre essas criaturas e seus habitats, assim como descobrir a melhor maneira de capturá-las e transportá-las
Após a coleta, são levadas a guilda dos folcloristas que estocam o material e distribuem, juntamente com os representantes dos grupos de ofícios, ou colocam a disposição da população como parte da grande biblioteca.
Excedentes e objetos pessoais também acabam sendo adquiridos pelos membros de um destacamento durante suas incursões, como peças de roupas ou outros objetos encontrados nas cidades, caso estes não sejam de recursos ou matéria-prima essenciais. Não há uma fiscalização - nem interesse em fazê-la - sobre esses objetos, por isso tendem geralmente a ficar em posse de quem os coletou como bem pessoal, podendo ser trocado ou dado de presente por aqueles que os pegaram.
Barreiras invisíveis além dos muros
Nos campos ao redor do forte Aarne-T, mas ainda anexo à administração de Nova Parmena, há uma mescla de sistemas político-econômicos. Algumas dessas terras são de uso comum, consideradas do próprio forte, nas quais os cidadãos podem criar animais e cultivar o que o solo permite para subsistência da cidade. Todavia, como as terras comuns não conseguem suprir a demanda da cidade, há outras que produzem em troca da proteção de Nova Parmena. Estas terras de agricultores e pecuaristas, são consideradas autônomas, como propriedade pessoal das famílias que ali residem desde a época em que Nova Parmena foi fundada. Eles não fazem parte do sistema de coleta ou partilham das requisições, mas concordam em contribuir com parte de suas produções em troca de recursos da cidade em um sistema colaborativo.
Essas contribuições não são obrigatórias por parte dos agricultores e pecuaristas. A relação é construída de forma cooperativa, onde um lado produz recursos que não são possíveis dentro dos muros e, em contrapartida, têm acesso às instalações públicas da cidade e contam com a proteção da mesma. Para essas famílias, as produções excedentes também são permitidas ao comércio dentro dos muros em forma de escambo de objetos pessoais, dado que a cidade não têm moeda corrente ou um sistema financeiro. Essa relação se torna benéfica a esses agricultores, pois muitas das famílias não têm o hábito ou a habilidade para coletar artifícios nas ruínas das cidades.
A proteção de toda a área é garantida através de um sistema de bloqueio de rádio frequências, com antenas distribuídas pelos muros do forte Aarne-T e em toda a extensão dos campos, a fim de aumentar seu alcance e criar uma sequência de barreiras que embaralham a comunicação de drones e máquinas que seguem uma matriz ou funcionam em conjunto. Além desta rede de antenas, o forte conta com armamentos de pulso eletromagnético (PEM) em vários níveis. Bombas PEM, além usadas por coletores em incursões, também são armazenadas como artifício de defesa nos muros do forte, podendo serem disparadas a qualquer sinal de ameaça. Grandes antenas de pulso eletromagnético, servem como uma medida defensiva extrema. Dispostas ao redor do forte e nos campos, essas antenas são capazes de danificar, de forma permanente, todo tipo de máquina, inclusive, podendo matar seres com próteses cibernéticas ou partes eletrônicas. No entanto, devida a energia constante necessária para manter os geradores das antenas ativos, esses mecanismos não ficam ativos de forma contínua e são resguardados para ameaças maiores, sendo disparados, como forma de precaução, somente uma vez ao dia, em um sistema de rodízio. Os responsáveis pela manutenção desses mecanismos, assim como, pela vigilância e proteção dos muros e das antenas nos campos são chamados de quíperes, que fazem parte do segundo grupo de ofício.

Ideologia para além das fronteiras
Apesar de serem muito organizados e cooperativos entre si, os parmenos carregam uma ideia desiludida com relação ao resto do mundo, sendo um pouco bairristas e egocêntricos a tudo que não se trata de sua cidade. Fora dos muros, costumam adotar um comportamento displicente em relação a outras sociedades, muitas das vezes sendo agentes do caos e da desordem.
É de seus costumes, assim como necessário para sua sobrevivência, a realização de incursões para diferentes terras pelo globo, principalmente para a captura e pesquisa de zoodeoruns e novas espécies, o que inevitavelmente os colocam em contato ocasional com outros indivíduos e sociedades. São estudiosos do mundo a sua volta e coletam conhecimento por onde passam, afinal essa característica garante sua sobrevivência. Devido aos grupos de ofício, costumam ser especialistas em alguma área e, quando saem em incursões, o fazem por sua especialidade. Biologistas acompanham grupos que necessitam identificar e estudar criaturas; sucateadores complementam incursões que necessitam viajar de forma leve e requerem improvisar e adaptar recursos; folcloristas saem em viagens quando estas envolvem locais prolíficos a coleta de mídias, usando seus conhecimentos para identificar espólios mais vantajosos a grande biblioteca; assim como tratadores acompanham quando é necessário conduzir criaturas que requerem uma lida delicada, ou então para auxiliar o trato e captura de algum besta.
Nestas jornadas, é hábito que eles usem tecnologia analógicas, muitas das vezes adaptadas, sendo comum ver parmenos utilizando armas de fogo e diversos meios de transporte, como carros e motos, além das tradicionais montarias animais que facilitam a locomoção em alguns terrenos.
Há uma idéia coletiva entre os parmenos de cooperação entre os seus, tendo como base uma filosofia anti-tecnologia e a proteção de Nova Parmena e seu estilo de vida. Contudo, como qualquer linha ideológica, é possível encontrar desde parmenos radicais, que pregarão a não utilização de tecnologia, até alguns mais flexíveis, que fora do território da cidade estariam dispostos a utilizar alguns dispositivos tecnológicos em prol do cumprimento de seu objetivo com a sociedade parmena. Dentro de suas fronteiras, as antenas de radiofrequência os protegem da entrada de algumas das tecnologias que podem ser intencionalmente carregadas para a cidade. Entretanto, como a questão anti tecnologia é ideológica entre os habitantes, há um consenso ético de nunca trazer consigo das incursões nada que transgrida esse princípio.
Sua desilusão perante ao resto do mundo também lhe confere uma essência hedonista. Não costumam se curvarem a convenções sociais, podendo ser negligentes, farristas, brigões, devassos, insolentes e até apáticos quando em grupos. Eles costumam ter dificuldade em entender convenções sociais, sendo quase sempre mal comportados e insolentes. Em resumo, são livres com relação a suas próprias naturezas e não escondem isso, tornando difícil sua adaptação com outros humanos que não os seus.
Os parmenos funcionam em sociedade, além de por partilharem uma mesma ideologia de proteção ao seu modo de vida, pois cada um coopera em função de Nova Parmena, executando sua área de interesse, seja na proteção, nas incursões, em pesquisas, na produção de objetos e aparatos ou na lida e estudo de criaturas. Prezam, sobretudo, sua liberdade e lutarão para mantê-la.
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Fisicamente os parmenos são fáceis de identificar. Com uma estética própria - ainda que sucateada - o povo de Nova Parmena transparece seu estilo de vida em suas vestimentas improvisadas. Com uma mescla de roupas modernas, coletadas das cidades, com itens históricos, os parmenos têm o costume de adaptar e personalizar seus recursos, através de frases, pinturas e adereços. Seus trajes, juntam recursos reutilizados do velho mundo, desde itens têxteis a elementos de metal sucateado, a peças que aprenderam a produzir.
Com abundância de matéria prima de procedência animal, é comum os parmenos se utilizarem de couro, lã, peles e algodão de borametz, para adaptarem e repararem suas vestimentas e adereços. Além disso, influenciados pelos artefatos históricos do forte Aarne-t, somados a relíquias trazidas de cidades destruídas, os parmenos aprenderam a replicar o corte e costura, assim como a ferraria, de sociedades medievais e primitivas, incorporando-as ao seu vestuário.
Como demonstração de sua cultura popular, se expressam escrevendo e rabiscando não só em suas roupas, mas em seus corpos com tatuagens e pelas paredes de Nova Parmena e das cidades abandonadas por onde passam. O conteúdo desses grafites podem conter menções sexuais, recados amorosos, citações literárias, frases de efeito até poesias e trechos de obras clássicas. Enquanto os desenhos não costumam ter um padrão, muitas vezes replicando uma imagem ou estética vista em alguma mídia coletada.

