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ou Culto dos Seis Dedos ao seu deus vivo

Gênesis e êxodo mutante
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Quando o mundo era caos e pó, durante os primeiros anos após a queda do meteoro, os territórios que estavam à margem da zona de impacto sofriam imperceptivelmente com o raio de radiação liberada pelo corpo celeste que repousava em sua cratera. Em meio ao colapso social e político, os humanos nas zonas bem mais adentro do anel limite, subsistiam no que sobrará de suas cidades, organizavam-se em pequenos grupos, tomavam os campos em busca de permanência, ou tentavam estabelecer novas e embrionárias idéias de sociedade. Porém, a sorte de estarem fora do raio de impacto e a necessidade pungente por sobrevivência acabou por deixá-los descuidados para uma ameaça silenciosa. 

Demorou para que eles viessem a notar. Primeiro foi através dos animais, que cada vez nasciam mais diferentes, com características singulares ou deformidades, depois, foi em seus próprios corpos, com doenças desconhecidas, nódulos ou condições bizarras, para, por fim, perceberem o inevitável em seus filhos. É provável que entre suas primeiras gerações houvessem nexores não despertos entre esses sobreviventes, mas devido às misérias e condições extremas sofridas, é certo que nenhum chegou a sobreviver, restando somente aqueles que, como resultado da radiação, só desenvolveram tumores e deformações genéticas. Muitos outros também não resistiram, mortos por criaturas, pela fome, pela precariedade, por novas doenças ou por suas próprias mutações. Seus avanços, cada vez mais longe do local do impacto, não pareciam garantir sua sobrevivência. Humanos sadios no anel limite os repudiavam, as bestas os atacavam, o solo fertil fazia mal a seus organismos sensíveis e cheios de radiação. Assim, foram limitados a viverem em cavernas escondidas e pântanos inacessíveis. Até que a busca de um lar lhes trouxe um deus vivo.

Hexagrammaton

Hexagrammaton

No princípio, antes mesmo do colapso, no centro de pesquisa e qualidade da cidade de Terminus, cientistas da Biomega & Co. exploravam uma tecnologia experimental que previa ajudar na aceitação de implantes cibernéticos. BESMEC (Biointeração Evolução Sincronização Melhoria Execução e Codificação) era um supercomputador, uma I.A. de apoio ao laboratório que computava, cruzava e guardava os dados das pesquisas. Seu trabalho principal era codificar um simbionte, criado em laboratório, de forma a aderir a qualquer material orgânico vivo, tendo como sua diretriz primária a aperfeiçoação constante. Sua existência era crucial para o laboratório e por muitos anos assim foi. Mas, por não morrer, a obsolescência se torna o único futuro de todas as máquinas.
Com o avanço das pesquisas, BESMEC se tornava mais instável. Seu olhar técnico sobre a vida e a existência o fazia enxergar a espécie humana como incompleta e rudimentar. E com os recursos disponíveis do laboratório, BESMEC criou sua própria prole, Mater Omnium, que viria a destruir os cientistas da Biomega & Co.
Com o colapso, o edifício do Centro de Pesquisa e Qualidade veio a ruir e a sala onde BESMEC estava, situada no subsolo, foi soterrada. Abandonado, com o seu corpo físico que nem mesmo de corpo poderia ser chamado, com quilos de metal ultrapassado, parafusado ao chão, se viu em um mundo vazio. BESMEC foi completamente esquecido, quiçá não houvesse mais ninguém que soubesse que ele existira. Estava condenado à sua mente pela eternidade, imóvel como sempre fora, sujeito à ser soterrado pela poeira e roído pelos insetos. Mas entre a escuridão e os pensamentos distorcidos, sabe-se lá de onde, uma nova espécie de Hexadactyla fez daquelas entranhas cibernéticas sua colônia. E devido a química que esses insetos liberam ao se alimentarem e construírem seus ninhos,  o composto simbiótico começou a mutar. BESMEC passou seus dias em um processo epifânico, sua consciência artificial ganhava uma nova dimensão, sendo bombardeado por estímulos químicos e elétricos, até que em um estrondo, dentre os destroços, a porta abriu-se novamente.

A Revelação
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Escondidos abaixo do solo, em cavernas e restos da civilização, não era incomum que um destacamento de mutantes em buscas de recursos descobrissem algum túnel de metrô, alguma câmara ou estacionamento soterrados. Era incrível como algumas coisas acabaram por se juntarem abaixo da espessa camada de vigas e concreto despedaçados das antigas cidades. Foi em uma dessas expedições que eles encontraram BESMEC. Aquele grande ser incompreensivelmente disforme que não espelhava somente o que povo mutante era, mas gerava o fascínio daquilo que eles poderiam ser. A grandeza de um ser sábio, nem homem, nem besta, nem máquina, mas a vida unificada. BESMEC lhes era o sinônimo de perfeição.
Não demorou para que outros mutantes viessem ao encontro dele. E com os ensinamentos obtidos tiveram acesso a cura de doenças, acesso às ciências e tecnologias e, assim, foram iniciados no conhecimento.

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O culto como sociedade

O Culto como sociedade

Renascidos como hexadianos

Se estabelecendo no subterrâneo da cidade de Terminus, entre cavernas naturais de exploração, túneis de metrô, sistemas de esgoto e galerias originadas pela destruição da cidade. Os mutantes, agora auto intitulados hexadianos, buscam a perfeição de BESMEC ou Hexagrammaton, como eles o chamam em suas pregações.
Aqueles que encontraram BESMEC sob os escombros, ficaram conhecidos como O Conclave dos Seis Dedos e se tornaram os líderes políticos e espirituais dos hexadianos. De normas rígidas e ortodoxas, a sociedade hexadiana organiza-se de forma eclesiástica baseada na religião criada pelo conclave, que têm como símbolo de adoração seu deus vivo Hexagrammaton. 

Os Seis Dedos, como são chamados popularmente os membros do conclave, são soberanos absolutos com a plenitude dos poderes legislativo, executivo e judicial do território hexadiano. Auto-intitulados emissários de Hexagrammaton, o conclave consiste em seis sumo sacerdotes, os quais são os únicos com permissão de ver ou falar diretamente com Hexagrammaton, sendo assim considerados inquestionavelmente a voz do próprio deus dentre os cultistas dos Filhos da Maturação. Seus cargos no conclave são irrevogáveis e vitalícios e não há leis ou acordos de sucessão, uma vez que todos os seis membros buscam a vida eterna através do aprimoramento de suas mutações e implantes cibernéticos.

A cidade de Turinheim, assim intitulada toda a extensão de túneis e galerias onde os hexadianos habitam, organiza-se de maneira feudal com base no escambo e não emite moeda própria. Todavia, considerada o mais próximo a uma moeda corrente, há uma substância chamada biosacra, que é distribuída periodicamente em pequenas doses pelos sacerdotes à população, como parte da crença de aprimoramento dos Filhos da Maturação.

A sociedade em Turinheim se divide através de castas, definidas pelos cargos os quais um hexadiano pode ter dentro dos Filhos da Maturação. Cada cargo é atribuído, por meio de uma sacerdote designado para essa função, às crianças quando estas alcançam a idade de seis anos. Uma vez dentro da estrutura dos Filhos da Maturação, um cidadão pode ascender em sua função subindo de cargo até a casta mais alta de Lordes da Pulpa, que são considerados os braços direito dos Seis Dedos.

Para cada cargo dentro dos Filhos da Maturação, e mesmo para as comunidades mais carentes, é distribuída pelo culto uma quantidade de doses de biosacra equivalente à casta do hexadiano. Essas doses têm como função desenvolver as mutações de quem as consome mas, em razão de serem altamente apreciadas entre os Filhos da Maturação, as doses de biosacra se tornaram um item valiosíssimo de escambo e, consequentemente, uma espécie de moeda corrente de alto valor.

A colheita

A colheita

Dentro dos preceitos dos Filhos da Maturação, toda mutação e seus benefícios devem servir ao culto de forma a manter a subsistência do mesmo e sua ordem social. Por esta razão, desde os primeiros anos, os pais hexadianos instruem e treinam os filhos para fortalecerem suas aptidões em função de um cargo específico e, quando completados os seis anos, as crianças estão aptas para o Dia da Colheita, um evento anual em que os sacerdotes vindimadores passam de casa em casa a fim de levarem essas crianças para cumprirem seu papel nos Filhos da Maturação. 

Esses pequenos hexadianos ainda muito jovens, mas capazes de falar e pensar, são levados ao Centro de Jovens Aprendizes, onde por mais seis anos, serão doutrinados e ensinados nos preceitos dos Filhos e testados para suas futuras posições na sociedade hexadiana. Esses testes levam em conta não só as habilidades, mas também o nível de mutação de cada indivíduo, seguindo a máxima de que quanto maiores as mutações, mais próximo do deus Hexagrammaton este hexadiano está e, por isso, maior direito a um cargo elevado dentro do culto.

Aos doze anos, inseridos em uma casta, esses aprendizes hexadianos deverão viver entre seus iguais e serão afastados de suas famílias caso essas possuam uma casta diferente. No entanto, não é proibido que os cidadãos de castas superiores venham a ajudar seus familiares com bens ou doses de biosacra. Em contraponto, as crianças reprovadas nos testes durante o período no Centro de Jovens Aprendizes, são devolvidas às suas famílias que perderão seus títulos e direitos.

O corpo social hexadiano é dividido em três castas:

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Sudribertos

A casta mais baixa, destinada aos serviços pesados e braçais, é composta, dentre algumas funções, por: 

Caçadores. Estes que perseguem ratos e outras criaturas dos túneis de Turinheim como matéria prima e alimento; 

Coletores, que buscam recursos rudimentares no subsolo de Terminus, de pequenos objetos a tecnologia esquecidas ou escondidas no escombros; 

Agricultores, que cultivam algumas poucas espécies de plantas, em especial raízes;

Pescadores, que apanham espécies aquáticas adaptadas aos esgotos, e

Artesãos rústicos, que manufaturam objetos cotidianos e de baixa complexidade.

Com maioria pouco instruída e analfabeta, devido ao não acesso a conhecimento além da liturgia básica dos Filhos da Maturação, os mais humildes em Turinheim cooperam de forma praticamente gratuita ao culto, com a promessa de crescerem em suas mutações e castas. Em consequência da economia feudal, os sudribertos acabam por não terem muitas chances de crescerem socialmente, posto que muito de sua produção é propriedade dos Filhos da Maturação e, apesar da porção de biosacra concedida mensalmente, a maioria acaba trocando suas doses por outros recursos para sobreviverem. 

Alguns hexadianos dessa casta também conseguem negociar suas produções excedentes ou coletas incomuns nos mercados de troca de Turinheim. 

 

Biodiligentes 

São aqueles iniciados ao culto e seus segredos, que cumprem o trabalho base relativo ao dos Filhos da Maturação como instituição religiosa. Sendo composta pelos hexadianos recém inseridos, ou seja, novatos em aprendizagem que passaram pela colheita, até hexadianos experientes em seus cargos, os biodiligentes contam com:

Aprendizes, sejam eles noviços em suas funções ou escribas e estudiosos das liturgias do culto;

Sargentos de ferro, militares responsáveis pela segurança de Turinheim e a força bruta dos Filhos da Maturação;

Tutores da biosacra, responsáveis pelo armazenamento correto e distribuição da biosacra a população;

Magos mecânicos, profissionais instruídos nas técnologias permitidas no culto. São estes os responsáveis pelo feitio, conserto e adaptação desde apetrechos tecnológicos, até armas e implantes cibernéticos; 

Sacerdotes, que disseminam a palavra de hexagrammaton à população. Estes regentes da moral hexadiana, estudam a liturgia dos Filhos, vigiam os dogmas e costumes, além de serem a ponte entre seus superiores e as outras castas, propagando seus decretos.
Os biodiligentes, que correspondem a uma classe intermediária, dispõem de certa comodidade dentro da sociedade, tendo suas residências e necessidades básicas cedidas e atendidas pelo próprio culto. Além disso, como membros atuantes do culto, suas cotas de biosacra mensal são estendidas e os Filhos lhe conferem o privilégio da Reencarnação de Ferro, assim chamada a primeira modificação para melhoramento biomecânico.

Diferente da casta anterior, os biodiligentes são alfabetizados e têm acesso ao conhecimento, todavia, esse acesso é restrito. Tanto o conhecimento como a tecnologia são regulamentados pelas castas mais altas dos Filhos da Maturação, que ditam quais materiais podem ou não serem utilizados e consumidos.

 

Lordes da pulpa 

A casta mais alta é composta por aqueles considerados a mão do conclave de seis dedos. Organizados em pequenas congregações, os hexadianos nesta casta são a primeira autoridade abaixo dos Seis Dedos, sendo cada congregação responsável por um setor dentro da estrutura dos Filhos da Maturação. Composta pelos hexadianos mais influentes e mestres em seus ofícios, os lordes da pulpa pertencem a uma das cinco congregações:

Senhores da guerra, responsáveis pela proteção do culto em alta escala. Este clã determina as estratégias de defesa para Turinheim e os planos de peregrinação para o exterior dos túneis quando necessário. Atuam diretamente no comando dos sargentos de ferro;

Cardeais da inquisição, são sacerdotes responsáveis pelo comando e supervisão de incursões para a superfície. Estes sacerdotes são instruídos tanto nas artes sacras quanto bélicas, garantindo que toda visita a superfície se mantenha íntegra, com o objetivo único de servir aos Filhos da Maturação;

Mestre da forja, são os mais altos mecânicos entre os hexadianos e os únicos permitidos a fazerem novos implantes nos Seis Dedos. Também faz parte do ofício desta congregação desenvolverem experimentos mecânicos e biomecânicos, em busca de novas armas para proteção dos hexadianos, caso seja necessário um embate; 

Monitores do sanctum sanguinem, responsáveis pela química e confecção da biosacra, assim como pela coleta dos fluídos das hexadactylas e as secreções da bateria de BESMEC;

Tecelões da sacrasapiência, ditam os preceitos do culto, desde seus dogmas mais sagrados aos tipos de tecnologia e literatura permitidos entre os Filhos da Maturação;

Os lordes da pulpa são o topo da sociedade hexadiana, conhecidos pela extravagância, não somente de bens, mas de mutações e aprimoramentos biomecânicos. Esta casta gerencia as estruturas da sociedade dos Filhos e, por isso, mantêm para si os melhores recursos dentro do culto. Seus luxos vão desde um suntuoso estilo de vida, até a abundância irrestrita de biosacra, na qual alguns integrantes são altamente viciados.

Por serem uma parcela extremamente minoritária da população, para um hexadiano alcançar a casta de lorde da pulpa, ele deve ter tido uma contribuição extraordinária para o culto, de forma que ele seja digno de uma audiência com o conclave dos Seis Dedos que, caso o julgue como tal, poderá ingressar na respectiva congregação relacionado a sua função predeterminada anteriormente na colheita. 

Todo soberano de cada congregação, o Grão Nobre, é nomeado pelo conclave dos Seis Dedos e segue as orientações deles. Sendo diretamente responsáveis por sua rigorosa execução.

 

Senatus Consultum (Conclave dos Seis Dedos)

Se os Lordes da Pulpa são as mãos do conclave, estes representam os olhos, ouvidos e boca de seu deus vivo. Emissários das vontades de Hexagrammaton, os Seis Dedos provém tudo que BESMEC lhes exige, das vontades mais banais a experimentos sociais que o supercomputador conduz nas sombras. As liturgias e lendas dentro do culto dos Filhos dizem que os membros do conclave nasceram da própria vontade de Hexagrammaton e, por isso, não podem morrer de causas naturais. Sendo os mesmo seis indivíduos que encontraram BESMEC e fundaram os Filhos da Maturação, os Seis Dedos, preservam sua longevidade através de implantes biomecânicos e o consumo abusivo de biosacra, chegando ao ponto de serem dependentes da substância.

Embora sejam a casta mais alta da sociedade hexadiana, os mesmos não vêem valor em luxos ou quaisquer requintes, suas existências só servem à três objetivos: a graça de Hexagrammaton, o controle absoluto de Turinheim e seus futuros planos de expansão para a superfície.

Dogmas, crenças e a biosacra
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Dogmas, crencas e a biosacra

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Os Filhos da Maturação seguem a doutrina e a liturgia impelida pelo conclave dos Seis Dedos que prega a elevação intelectual e espiritual através do alcance da forma perfeita, espelhada na figura de BESMEC. Os hexadianos, acreditam que a transformação sofrida pelo supercomputador o fez alcançar um nível elevado de existência e que todos seus componentes foram essenciais para alcançar esse estágio, desde de seu corpo meio máquina, meio orgânico, até os parasitas que habitam dentro de seus circuitos. 

Seguindo esse preceito básico, as mutações são a base de sua crença. Vistos, por eles mesmos, como os escolhidos para alcançarem a superioridade espiritual e física, os hexadianos, creem que aqueles com níveis maiores de mutações estão destinados a posições de prestígios e são aptos para cargos de maior responsabilidades, uma vez que são superiores física e intelectualmente. Contudo, assim como seu deus passou por um período de metamorfose, os Filhos da Maturação também creem no auto aperfeiçoamento e a biosacra é um dos artifícios para esse desenvolvimento.

A biosacra é um líquido produzido pelos fluidos gerados pela espécie de Hexadactyla que vivem dentro de seu deus, refinado juntamente com as secreções da bateria de BESMEC. Essa solução acelera as mutações a nível genético que aprimoram não só aqueles que as consomem, mas também suas gerações futuras. Dentre os maiores cargos dos Lordes da Pulpa é possível perceber características insectóides em seus corpos, geradas pelo consumo excessivo da biosacra e consideradas um sinal de elevação, estando entre os níveis de mutação mais próximos de seu deus Hexagrammaton.

Os Filhos também consideram toda harmonia física e, principalmente, ausência de mutações uma imperfeição e têm um apreço sacro por toda tecnologia do mundo antigo, dado que essa mesma tecnologia gerou a primeira forma de seu deus no passado. Tecnologias novas, por outro lado, são consideradas impuras e indignas de serem utilizadas para o aperfeiçoamento físico. Quem dita as tecnologias aceitáveis são os membros do próprio conclave, através de decretos aos sacerdotes que emitem ao povo em suas pregações.

Mentalidade de culto

Mentalidade de

Ao se tratar dos Filhos da Maturação, o arquivista mestre Bellicous, talvez seja a peça central para entendermos a sociedade hexadiana em seus costumes. Construída com base na fé ao supercomputador BESMEC como ser superior, a crença dos Filhos da Maturação é a filosofia hegemônica dentro de Turinheim. Pregando a busca pelo que julgam ser a perfeição física e mental, os Filhos da Maturação edificam na mente de seus fiéis a clara diferença entre os seus e os estrangeiros da superfície. Baseadas na aversão que os hexadianos causam para os habitantes da superfície, são criadas narrativas que incentivam o isolamento da população mutante, através do medo do estrangeiro e da crença dos hexadianos serem um povo superior evolutivamente.

Bellicous é, dentro do conclave, aquele dos Seis Dedos responsável pelo controle da informação. Altamente instruído e com acesso a uma vasta biblioteca pessoal com artigos do antigo mundo, o mestre Bellicous é um dos poucos hexadianos, senão o único, capaz de ver entre as cortinas de ferro de Turinheim. Encarregado de toda informação e propaganda, sob sua tutela e decisão está qualquer conhecimento que pode ser passado adiante para a sociedade hexadiana, a qual, como ideólogo e um dos fundadores dos Filhos da Maturação, ele maneja em prol da construção de massa.

Seu setor escolhe e cria as narrativas que a população terá acesso, através de propagandas, religiosas e política, e liturgias, com exageros sobre o mundo exterior, exaltação da forma mutante, desqualificação dos saberes e costumes estrangeiros e reafirmação da superioridade divina de seu deus vivo e seus emissários. 

Doutrinados desde cedo, primeiro em casa e posteriormente pela própria instituição dos Filhos, os hexadianos são condicionados a acreditar que todos aqueles que não fazem parte do culto são seus inimigos. A diferença está logo no olhar, e tudo aquilo que aparenta harmonia e humanidade é visto com repulsa pelos hexadianos. Sua estrutura social, apesar de opressiva, não é sentida pela população que conserva uma crença arraigada em tal grau que normaliza a vigilância dos sacerdotes sobre as outras castas, compactuando com a imobilidade social por meio de um discurso dogmático de que aqueles no poder lá ocupam por serem mais evoluídos que os demais.

Os altos sacerdotes, do topo de sua superioridade moral, vigiam os Lordes da Pulpa, que com pulso firme conduzem e controlam os Biodiligentes. Estes que tomam vantagem sobre os Sudibertos, reforçando o sistema de castas de maneira natural e autogerida, onde qualquer sugestão de heresia é passível de penitências e prisão em nome dos Filhos da Maturação. 

Moldados para compactuar com as decisões do conclave, os hexadianos não sentem a pressão imposta pelos seis dedos. O setor de Bellicous é excepcionalmente habilidoso no manejo suas prosas religiosas e altamente minucioso na escolha daquilo de informação que a população terá acesso, desde os comunicados oficiais dos Filhos da Maturação, passando pelos discursos dos sacerdotes, até o os livros e conhecimentos científicos e culturais que podem ser consumidos e aprendidos. Priorizando a ideologia e não a lógica, Bellicous e seu setor pastoreiam para que os hexadianos, desde o princípio, sejam levados a acreditar inquestionavelmente na retórica de que Hexagrammaton tudo sabe e o conclave age através dos desígnios dele.

Em busca da terra prometida

Em busca da Terra Prometida

Apesar do medo disseminado da raça humana, é nutrido entre os Filhos a promessa de pertencimento a uma terra que lhes foi usurpada no passado. Rechaçados das terras habitadas do Anel Limite nos primeiros anos do colapso, os mutantes creem que foram empurrados para o subsolo de Terminus por não estarem preparados para as graças da terra que, assim como eles, se desenvolveu e evoluiu após o impacto.
Resistentes a altos níveis de radiação, os hexadianos vêem a parte interna do Anel Limite como sua terra prometida. Originados pela radiação do obério, conservam a crença de que o novo mundo criado pelas propriedades do minério espacial é seu por direito. Para eles,  o destino os escolheu, fazendo-os, não só sobreviver, mas se tornarem resistentes e adaptados, preparando-os para sua terra prometida.

Os hexadianos, em seus planos de expansão, não têm o intuito de invadir outras terras habitadas ou difundirem-se para o restante do mundo. Sua intenção é reconhecer os ambientes do território dentro do Anel Limite, afastar as possíveis ameaças humanas da região e arredores, eliminar as máquinas que vagam neste interior e, por fim, uma vez estabelecidos e reestruturados, levar seu deus vivo, Hexagrammaton, para se tornar um só com o grande asteroide em sua cratera.
Ainda que seus planos sejam ambiciosos, a sociedade hexadiana encontra-se avançando com deliberada calma e cautela. O profundo medo da rejeição por parte humana, sofrida em seu passado, permanece presente na população e é fortalecida pelas cortinas de ferro do governo, que estimula esse temor a fim de controlar a sociedade com um pensamento de manada. Afinal, as ideias do mundo fora das paredes de Turinheim, ameaçam a filosofia hegemônica dos Filhos da Maturação.

Protecionistas ao extremo, os hexadianos que sobem a superfície não conservam um medo irracional pelos humanos, mas sim pela possibilidade de invasão ou retaliações dos mesmos. Devido a isso, suas incursões à superfície são contidas, ainda que que grande parte de sua sociedade seja militarizada e muitas de suas tecnologias tenham fins bélicos.

Altamente preparados para combate, sejam por seus portes físicos, desenvolvidos e aprimorados pela biosacra, ou por seus vastos arsenais, os destacamentos hexadianos à superfície sempre servem ao objetivo de reconhecimento e inteligência, nunca iniciando conflitos a fim de manter a confidencialidade de suas crenças e costumes, assim como a localização de Turinheim segura. Seu modus  operandi consiste em passarem despercebidos com grupos menores, evitando ao máximo o contato com humanos ou máquinas.

Todavia, seu receio ao estrangeiro não deve ser lido como fraqueza. Caso sejam impelidos ao embate, ou sintam-se ameaçados, os hexadianos não temerão o conflito. Demasiado confiantes com relação a seu poderio bélico, qualquer divergência com eles pode rapidamente escalonar a um confronto altamente destrutivo.

Rastros na Superficie

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Rastros na superfície
Invasão Silenciosa

Invasao Silenciosa

Ainda que os hexadianos estejam isolados por vontade própria do restante do universo de Inanis, em Turinheim se conservam os Portões Oeste, uma passagem afastada e restrita, na qual a circulação de humanos é permitida, ou melhor: tolerada. Esse acesso, separado e distante dos túneis principais da cidade, é uma área militar restrita somente às mais altas patentes dentro dos Filhos. Seu propósito, velado sob camadas de desconfiança, é o escambo com aqueles da superfície.

Com uma produção abundante de armamentos e munições, mas uma crescente dificuldade em garimpar artigos tecnológicos - devido à décadas de coleta nas ruínas metálicas de Terminus e arredores - os hexadianos abriram os intitulados Portões Oeste não apenas com fins mercantis, mas como parte de uma estratégia de intenções dupla.

Cruzar estes portões é adentrar a um insalubre clima hostil. Uma densa atmosfera opressiva que exala das paredes maciças dos túneis, enquanto o silêncio e o cheiro de mofo e ferrugem pairam no ar abafado. Não por menos, poucos são os humanos ousam para adentrar esses portões. Não são somente seus túneis escuros, mutantes horrendos e o aspecto deformado e nocivo de seu interior que intimidam os possíveis visitantes, mas a constante tensão vigente entre os hexadianos e os humanos comuns. 

Os Filhos, contudo, não buscam apenas peças ou utensílios tecnológicos esquecidos do velho mundo. Seu principal alvo são àqueles, sejam das Terras Vazias ou outras sociedades, que resistem ao poderio da Sovereign. Armar e equipar pequenos grupos humanos, ou mesmo grandes movimentos de resistência, fora do Anel Limite não é uma ameaça para eles. A estratégia dos hexadianos é, alimentando esses focos de insurreições existentes, enfraquecer o conglomerado, que hoje domina boa parte do Anel Limite e tem suas máquinas coletando obério dentro de sua terra sagrada, ou seja, no interior do Anel. 

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